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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

EMCRUZILHADAS



 Encruzilhadas

O sangue de uma espécie de gengivite. Seguirei limpando a boca com todo cuidado. Temos que estar limpando tudo. De dentro para fora, de fora para dentro. Um condicionamento. Duas semanas sangrando, pela boca, momento de limpeza, como o sangue que escorre das mulheres, unindo elas a terra e a água. Purificação.
Surge uma reflexão, o pensamento percorre o mesmo caminho da língua. Percebe! Tudo que nos chega pelos sentidos tem que necessariamente passar por uma encruzilhada? A dos Condicionamentos. Parece-me algo que dificulta os diálogos e as trocas, pois torna tudo uma provocação. Previsíveis, e os desencontros, instabilidades de humor. Uma constante. Mas como construirmos isso, essa barreira. Traumas, vivências, medos antigos, coisas firmadas em nossa cabeça, como enormes pedras no caminho. Adoramos circular.
“Em conversa amigável, numa tarde fresca, onde o amor estável do Fauno, e que se apresentava, com clareza e pureza diante de Flora. Mais homem do que animal, tocando em sua flauta doces melodias, falando de sua natureza. Quando seu canto foi interrompido, falava do jardim de Tulipas, como ele as devorava com devoção. Flora com olhar questionador, apresenta ao Fauno, a sua mais íntima inquietação, as Tulipas são minhas, meu domínio. Como pode ofender tamanha beleza, ser de pelos e flauta. Fauno nunca havia questionado os pelos do corpo das criaturas da montanha e a flauta era parte de seu corpo. Sabia que até as Tulipas tinham sua penugem, douradas de sol, ele mesmo ser de pelos nas ancas e demais partes. Seu canto parou novamente, como no dia em que Flora a sangrar queria possuir fauno no jardim do sono sagrado, onde suave criatura dormia um sono delicado. E a mando de Deus. E amando soprou em sua flauta, na face de Flora, sua melodia mais pura, clara e transparente. Líquido que se une ao canto dos Deuses e não a terra. Flora, questionou a pureza dos líquidos, comparando os mesmos. Mesmo sabendo, que um deles era limpeza e encontro com a terra e o outro encontro com o céu. Flora colérica, com o sangue nas mãos, enquanto Fauno adormecia com os seres “a mando de Deus”, cismou de criar uma flauta em folha, essa maior que a do Fauno adormecido. Os dias se seguiram sem entendimento, entre ambos. O som da flauta de Fauno silenciou, ecoava na floresta uma melodia nova, algo que não era natural aos ouvidos de todos, o som vermelho, o som do corte.”

Uma pessoa condicionada, esta presa e prega à liberdade de ter seu próprio condicionamento, tudo que encontra é posto nessa encruzilhada mental. Movimento racional, mas as reações se mostram agressivas e justificadas. O julgamento caiu, como uma martelada, e a poeira subiu, sufocando. Livre-se dos condicionamentos para poder estar junto compartilhando do mesmo ar. Ainda sangro.
 

Texto: Gabriel Rufo
19/09/2015


  


 A Síntese na Religião e suas Armadilhas Dialéticas.

A redução dos espaços nos diálogos, algo que nos permite classificar e tentar organizar. A primeira vista, surge certo conforto, algo que facilita um primeiro passo. Assunto complexo e de difícil entendimento. Aceitar a grandiosidade do que estar por trás de uma religiosidade, parece-me impossível para a maioria das pessoas.
Sentado em mesa de debate, ao som de especialistas. O tom de ordem e linearidade era a base e estrutura, para se apontar um momento, trágico, o marco. Sempre algo tão próximo que acaba por ocupar todo o espaço do debate. E passa por ancestralidade, ponto de revisitação e memória.
Ao falar do candomblé, a religião, passamos automaticamente por um marco, a escravidão e suas faces de miséria humana, assim como ao falarmos do Catolicismo nos perdemos nas Cruzadas, e mais miséria humana se apresenta. No entanto ao falar dos Orixás, parece-me imprescindível um entendimento, são anteriores a miséria humana, pois são forças da natureza. Iemanjá é o mar, e o mesmo é um universo de possibilidades. E ao falarmos do Cristo, mesmo sendo a boa nova, tem contido e maximizado em si o amor e a serenidade, as mais antigas aspirações do homem, algo que não comunga com a miséria humana de um episódio como as Cruzadas.
As armadilhas são essas reduções, esse esquecimento, a falta de atenção com a verdade, algo antigo e puro. Nos perdemos na política, e encruzilhadas de trocas de poder terreno, enquanto o mar permanece, assim como o amor e a serenidade. São forças da natureza. E a perdição na miséria humana, segue o ritmo do desencontro.

Reflexão: Gabriel Rufo
29 de setembro de 2015


 


Sobre o Tempo e suas relações.

Comece com um copo de cachaça, desses pequenos e de dose. Coloque água no mesmo. Agora você me pergunta que tipo de água? A do copo, a que cabe a ele, e que cabe nele. O Tempo se arrasta lentamente entre conversas de alta cumplicidade, no ambiente de energia turva. Então mudemos de copo, ou melhor, uma taça. Agora passamos a desfrutar desse líquido, sentindo os aromas o corpo dessa água. Vermelha água. Temos todo o tempo, e é o do prazer. Alegria e sonolência que nos ocupa. Agora temos uma moringa, dessas feitas de barro por oleiros, seu corpo transpira o conteúdo e basta olhar a moringa que a sede já é matada, quase bebemos seu corpo. Sempre cheia transbordando a vida, ocupando dois espaços, isso esta claro no gostinho de barro que nos vem à boca. Essa relação perfeita de ocupação nos mostra como devemos ocupar o tempo. Sem fronteiras entre o fazer e o espaço que nos ocupa.

Texto: Gabriel Rufo
28/07/2015

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